O episódio ocorrido no show de despedida de Rita Lee em Aracaju quando ela, de modo incivilizado, censurou os policiais militares de Sergipe por terem abordado usuários de maconha infiltrados entre seus fãs, poderia ser apenas mais um evento alavancador do intrigante debate sobre legalização de drogas ilícitas e liberdades individuais. Entretanto, o fato pode ser considerado mais proveitoso se analisado sob uma outra perspectiva - a leitura do uso político nas políticas de combate às drogas.
Para tanto, vejamos o impasse detectado na operação da PM de São Paulo que, na região central da capital, está atuando de forma efetiva na área conhecida como 'cracolândia', região esta caracterizada pelo intensivo comércio de crack, acompanhada, a olhos vistos, das consequências que o consumo desta droga causa em seus usuários. Nos primeiros dias da operação do poder público, que englobou polícia, serviços de saúde e de assistência social, houve grande resistência por parte de setores progressistas. Por mais que se justificasse a ação do poder público em favorecimento dos usuários largados à própria sorte, associada à repressão ao comércio de entorpecentes na região, o que beneficiaria a população como um todo, legítima dona dos espaços públicos antes ocupados pela delinquência, não faltaram os discursos contrários à ostensiva do poder público.
A mídia foi invadida por ongueiros, por defensores da descriminação do uso de drogas ilícitas e por representantes do Ministério Público paulista que, ligados ao discurso da esquerda nacional, bradaram seus já cansados slogans 'anti-opressão'. Inúmeros argumentos brotaram no mar das intenções libertárias: que os usuários estariam sendo cerceados em seus direitos e a operação não estaria sendo eficiente (o promotor Eduardo Ferreira Valério chegou a afirmar que a operação trazia 'dor e sofrimento' aos usuários, em uma crítica politizada à questão de segurança e saúde pública); que haveria uma tentativa de higienização social na região. Após discussões entre representantes do Ministério Público e setores da PM, e outros representantes dos governos estaduais e municipal, a operação na região central da capital paulista prosseguiu com resultados positivos para a sociedade, que apóia de modo maciço a ocupação da área degradada pelo poder público, para posterior devolução aos cidadãos.
Para tanto, vejamos o impasse detectado na operação da PM de São Paulo que, na região central da capital, está atuando de forma efetiva na área conhecida como 'cracolândia', região esta caracterizada pelo intensivo comércio de crack, acompanhada, a olhos vistos, das consequências que o consumo desta droga causa em seus usuários. Nos primeiros dias da operação do poder público, que englobou polícia, serviços de saúde e de assistência social, houve grande resistência por parte de setores progressistas. Por mais que se justificasse a ação do poder público em favorecimento dos usuários largados à própria sorte, associada à repressão ao comércio de entorpecentes na região, o que beneficiaria a população como um todo, legítima dona dos espaços públicos antes ocupados pela delinquência, não faltaram os discursos contrários à ostensiva do poder público.
A mídia foi invadida por ongueiros, por defensores da descriminação do uso de drogas ilícitas e por representantes do Ministério Público paulista que, ligados ao discurso da esquerda nacional, bradaram seus já cansados slogans 'anti-opressão'. Inúmeros argumentos brotaram no mar das intenções libertárias: que os usuários estariam sendo cerceados em seus direitos e a operação não estaria sendo eficiente (o promotor Eduardo Ferreira Valério chegou a afirmar que a operação trazia 'dor e sofrimento' aos usuários, em uma crítica politizada à questão de segurança e saúde pública); que haveria uma tentativa de higienização social na região. Após discussões entre representantes do Ministério Público e setores da PM, e outros representantes dos governos estaduais e municipal, a operação na região central da capital paulista prosseguiu com resultados positivos para a sociedade, que apóia de modo maciço a ocupação da área degradada pelo poder público, para posterior devolução aos cidadãos.
Voltando ao episódio de Aracaju, poderíamos fazer um paralelo. No show de Rita Lee, a PM sergipana foi hostilizada com palavrões pela cantora paulistana, uma reação inconsequente para com a força policial, que tem em suas metas principais, proteger e servir a população, patrocinando a ordem e a observância às leis. Ali, a polícia, sob o comando máximo do governador Marcelo Déda, situou-se entre a cruz e a caldeirinha - se não reagisse com rigor, frente aos impropérios de Lee, seria tachada como leniente para com a delinquência; se tentasse a retirada dos fãs usuários de maconha, poderia haver tumulto (o que seria provável, visto que os neurônios da musa mutante pareciam propensos a tal ato de apologia à violência contra os policiais). Felizmente prevaleceu o bom senso e sob o comando do governador Déda, os integrantes da PM saíram das proximidades do palco durante o show - o que não significou vistas grossas, pois Rita Lee foi levada para a delegacia para depoimentos. Como toda revolucionária de shopping center, ao retornar a SP, Rita ficou muda, justificando-se estar seguindo recomendações de seu advogado.
O paralelo que se quer fazer aqui é o da efetividade do discurso tão querido e difundido pela esquerda em favor de supostas liberdades individuais, sempre endossadas pelo discurso 'progressista' dos setores mais liberais de nosso país. E o mais intrigante, é a contrariedade entre a teoria e a prática (algo comum entre sistemas direcionados pelo pensamento de esquerda). Vejamos no caso de Aracaju: porque não houve um bom senso em se abordar os usuários? Em um grupo reduzido de usuários que foi detectado, um ou dois policiais militares seriam suficientes e não haveria problemas de acirramento de ânimos. Por que a polícia, sob o comando do petista Déda não fez isso? Ela agiria com a mesma efetividade em situações corriqueiras?
Evidente que não, pois o estado, sob a perspectiva da esquerda, é supremo, suprimindo sempre as liberdades individuais, sendo por vezes exaltado em situações arbitrárias, onde são justificadas incoerências em favor de ideais da revolução. Certamente Rita foi para a delegacia mais por ter desrespeitado a PM (que certamente deve ser respeitada) do que pela apologia às drogas. Um argumento efetivo para esta afirmativa? Basta olharmos a falta de políticas e campanhas estatais do governo federal visando o combate às drogas - para sermos justos,diga-se de passagem, atualmente há uma campanha contra o crack, mas pelas circunstâncias e pela proximidade de seu lançamento com as operações da polícia paulistana na 'cracolândia', percebe-se o viés político nesta campanha. E além disso, por que apenas contra o crack? Maconha, cocaína e drogas sintéticas não são danosas também à saúde e à população? Ou teriam essas drogas um charme impossível de ser encontrado em seu concorrente mais letal, crack?
Sempre que se discute uma eventual legislação que favoreça a descriminação das drogas, estudos são mostrados, evidências colhidas de países de primeiro mundo discutidas, discursos intelectualizados de artistas, formadores de opinião são exaustivamente disseminados numa tentativa de que a comunidade aceite os argumentos dos defensores da canábis. Mas será que os atuais defensores da descriminação das drogas em uma sociedade democrática como a nossa teriam argumentos para continuar a defendê-las em sociedades que são modelos de repressão aos direitos individuais, de desrespeito aos direitos humanos, de cerceamento à liberdade de expressão e de imprensa? Será que o fariam com tanta propriedade em países 'democráticos' (sob uma visão esquerdista) como Cuba ou então na China? Certamente que não, pois o que está sendo analisado, não são as liberdades individuais em si, mas sim situações de poder, onde os ideais políticos libertários que pavimentaram o caminho para a ascensão ao poder nunca são coerentes com a prática política de forma efetiva.
Déda deve ser louvado por sua atitude, sob todos os aspectos. Entretanto ela é, de uma forma ou de outra, incoerente com o discurso de seus outros correligionários, que provavelmente jogariam uma sofisticadíssima retórica das 'liberdades individuais' no gesto do governador sergipano (o deputado federal Paulo Teixeira, PT-SP, afirmou que drogas na universidade fazem parte de um 'rito de passagem'). Ou seja, nesta situação, a fumaça, que nos olhos dos outros é refrescante, ardeu nos próprios olhos do governador. Quem saiu ganhando realmente foram os maconheiros de Aracaju e do Brasil inteiro que conseguiram mais subsídios para seus argumentos em defesa de seu vício, direcionados pelo direito às liberdades individuais. Deixo essa expressão 'liberdades individuais', tão repetida (e desvirtuada) nos dias atuais, a critério de interpretação do leitor. Justifico apenas citando situações onde o estado, senhor supremo do pensamento da esquerda, tem dado mostras de invasão dos verdadeiros direitos individuais do cidadão. Cito a 'lei da palmada', votada recentemente (não se quer discutir seu aspecto ético, familiar e psicológico, apenas a invasão estatal em domínios domésticos), além da fanfarronice midiática patrocinada pela primeira dama norte-americana, Michelle Obama, em sua saga contra as batatinhas fritas consumidas no país do Tio Sam.