28 de fev. de 2010

Coronelismo eletrônico em São Paulo


Se São Paulo sempre se orgulhou de ter uma mídia de certa forma independente do poder político, este orgulho deixou de existir nos últimos tempos, principalmente na administração do governador José Serra. Sob sua liderança, o governo do estado mais rico do país esbanja verbas públicas em publicidade em diversos órgãos de imprensa, principalmente rádio e televisão. É impossível ficar meia hora acompanhando estes veículos sem se deparar com a frase 'São Paulo é um estado cada vez melhor' - o slogan atual da administração. Serra gastou  cerca de R$ 227.000.000,00 em publicidade no ano de 2009. São propagandas ressaltando as obras do metrô, do rodoanel, da educação - que diga-se de passagem está sucateada, entre outros feitos da administração.

Entretanto esta publicidade substancial não é apenas para a divulgação das obras do governo Serra - que afirmou recentemente que os tucanos não são muito dados à publicidade. (devemos lembrar que nos kits escolares entregues em 2009, todo o material mostrava o logotipo do governo do estado e seu slogan citado acima). José Serra, com seu estilo personalista e que chama para si toda as virtudes de sua equipe, pede contrapartida à imprensa paulista pelo investimento financeiro através da publicidade. Nunca se viu tanto partidarismo em veículos de comunicação paulistas, historicamente associados à pluralidade de idéias e tendências. Temos a Folha com seus deslizes em afirmar que a ditadura militar fora uma 'ditabranda', temos Veja numa explícita proteção à Serra nos recentes episódios onde foi acusado de incompetência administrativa (desabamento da construção da estação Pinheiros do metrô, desabamento do viaduto em construção do rodoanel metropolitano, transbordamento do rio Tietê). Temos ainda a  Rede Globo em sua já conhecida parcialidade discreta na voz de seus comentaristas políticos e econômicos.

Todos estes fatores serão lembrados nestas eleições próximas, não só pelos eleitores, mas também pelos telespectadores, ouvintes e leitores. Cada vez mais o leitor paulista deixa de acreditar que os veículos de comunicação locais sejam tão isentos quanto se faziam crer há tempos atrás. E o leitor que também é leitor e telespectador parece estar reagindo a este coronelismo eletrônico paulista. Podemos deduzir isso pelos números atuais baseados na queda de tiragem de grandes jornais paulistas (Folha e Estadão) e na queda de audiência de alguns veículos como TV e rádio paulistas antes líderes de audiência.  Isso é um indicador de mudança de mentalidades, que o eleitor-leitor-telespectador não se deixa mais manipular pelo marketing, quando sabe que os serviços públicos mais essenciais não condizem com a excelência mostrada nos jingles radiofônicos, nas páginas dos jornais e revistas ou nas milionárias campanhas televisivas. 

7 comentários:

  1. Espero mesmo que tenham desenvolvido essa consciência. Beijos

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  2. Tenho esperança de que chegue o dia em que os leitores/telespectadores não se deixem manipular por mais nada. Mas se pelo menos isso já começou pela política, já tá de bom tamanho.

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  3. Como esses governantes gastam com propaganda. A pensar que todo esse dinheiro poderia ser aplicado em obras que benefíciassem o povo, melhorando na saúde, educação, segurança, saneamento básico, transporte...

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  4. A consciência política se não é a ideal, tem crescido ultimamente, felizmente.

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  5. O que foi abordado nesse texto se espalha pelo Brasil. Os veículos de comunicação, em sua maioria, não é isenta com quem tem a chave do cofre. Gasta-se demasiadamente com publicidade.

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  6. Olá, tudo bem? A mídia, digamos, não aborda com isenção o governo do PSDB em São Paulo, desde 1995.. Não é so com o Serra... Abraços, Fabio www.fabiotv.zip.net

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  7. O meu blog, Degrau Cultural, elegeu o seu blog como VIP. Vá buscar nele o selo e as regras para você participar deste concurso. Parabéns! Beijos.

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